O município de Bataguassu, em Mato Grosso do Sul, está cada vez mais perto de sediar um dos maiores investimentos industriais da história do estado. A gigante multinacional de celulose Bracell tornou público o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) detalhando seu ambicioso projeto de R$ 16 bilhões para uma mega fábrica na cidade. Este passo crucial, embora ainda não seja a decisão final, reforça significativamente a escolha de Bataguassu sobre Água Clara, gerando enorme expectativa local.
O documento ambiental, já protocolado e aceito pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), descreve um empreendimento monumental a ser erguido em uma área estratégica de 1.318 hectares, localizada a 9 km do centro urbano, às margens da BR-267 e próxima ao Rio Paraná. A escolha da área visa minimizar o impacto ambiental, utilizando majoritariamente pastagens degradadas.
Um dos pontos técnicos destacados no estudo é a gestão hídrica sustentável: a captação será feita diretamente do Rio Paraná, sem necessidade de barragens, e a empresa garante que 90% da água captada será devolvida ao rio após rigoroso tratamento.
Com um cronograma de implantação previsto de até 38 meses, a futura planta industrial demandará um volume expressivo de matéria-prima – cerca de 12 milhões de metros cúbicos de eucalipto por ano. Sua capacidade produtiva será robusta, podendo atingir 2,8 milhões de toneladas anuais de celulose para papel (Kraft) ou operar de forma mista, produzindo cerca de 1,4 milhão de toneladas de Kraft e 1,1 milhão de toneladas de celulose solúvel anualmente.
O impacto socioeconômico projetado é transformador para Bataguassu e região. Estima-se a criação de 12 mil postos de trabalho durante o pico da fase de construção e montagem. Uma vez em operação, a fábrica deve manter aproximadamente 2 mil funcionários diretos e indiretos. Para acomodar a mão de obra externa durante as obras, a Bracell planeja construir dois grandes alojamentos modulares, cada um com capacidade para 5 mil pessoas.
Embora a publicação do EIA/RIMA específico para Bataguassu seja um forte sinalizador, a Bracell e o governo estadual ainda tratam a decisão com cautela. Uma confirmação oficial é esperada para o início de maio, conforme mencionado pelo secretário Jaime Verruck. O deputado estadual Pedro Caravina, ex-prefeito da cidade, demonstra confiança: "Por tudo que estamos acompanhando, pelo estudo no Imasul, deve ser em Bataguassu mesmo", declarou.