A mãe da bebê de sete meses que chegou morta à Santa Casa de Bataguassu, na última quinta-feira (23), teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva nesta segunda-feira (27). A defesa da jovem de 21 anos alega que a morte foi acidental, mas o Ministério Público pede que o caso seja tratado como homicídio com dolo eventual qualificado.
Segundo a advogada Natália Colombo, que representa a mãe, a bebê teria caído em um vão entre o colchão, onde dormia com a mãe, e a parede, e sufocado. "Ela explica que não tem cama, apenas colchão, e que a bebê caiu no vão entre a parede. Ela acordou e ela já não estava mais responsiva", relatou a advogada ao portal Campo Grande News. A defesa sustenta que a mãe nunca agrediu a criança.
A versão da defesa é confrontada pelos laudos periciais. De acordo com a delegada Izabela Borin Favoreto, da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Bataguassu, a bebê já chegou ao hospital sem sinais vitais, apresentando rigidez cadavérica, extremidades arroxeadas, inchaço na cabeça e sangramento no ouvido. O exame apontou sufocação direta como causa da morte.
Além disso, o laudo identificou outras lesões no corpo da criança, como queimaduras compatíveis com cinzas de cigarro, uma lesão traumática no crânio, assaduras graves no pescoço e um machucado antigo no joelho. Também foi constatada a presença de fungos na região anal, indicando falta de higiene.
A defesa contesta as acusações. Sobre as queimaduras, a advogada argumenta que a mãe fumava perto da criança e que as cinzas podem ter caído acidentalmente. Já o machucado no joelho teria ocorrido quando a bebê estava com o pai. A mãe também nega que estivesse embriagada no dia da morte, afirmando ter bebido pouco.
Ainda segundo a defesa, o Conselho Tutelar foi acionado e não encontrou registros de crimes anteriores relacionados à bebê ou aos outros dois filhos da jovem. A advogada afirma que a mãe está emocionalmente abalada e que não pôde comparecer ao velório da filha, realizado um dia após a morte, pois já estava presa.
A defesa pretende entrar com um pedido de habeas corpus ainda esta semana para que a mãe possa responder ao processo em liberdade. O Ministério Público, por sua vez, pede a alteração da tipificação do crime de maus-tratos para homicídio com dolo eventual qualificado, quando se assume o risco de matar. O caso segue sob investigação.